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sábado, 17 de setembro de 2011

Combater velhos hábitos é preciso

 Roberto Figueiredo é Biomédico e personifica o Dr. Bactéria

Corrigir velhos hábitos pode ser muito mais difícil do que aprender do começo a forma correta de fazer as coisas.
Mas quando o assunto é evitar a proliferação de bactérias,  todos os cuidados são necessários.
É preciso jogar no lixo muitos dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida  para vencer as batalhas diárias contra aqueles seres minúsculos e tão prejudiciais à saúde.
Desde criança, aprendemos a colocar ovos na porta da geladeira,  até porque os eletrodomésticos vêm de fábrica programados com essa função.
No entanto, é um erro dos mais graves, porque o balanço da porta e a pouca refrigeração favorecem a deterioração do produto e o ovo vira uma estufa para a criação das terríveis salmonelas, bactérias responsáveis por boa parte das intoxicações alimentares.
O professor Roberto Figueiredo, bioquímico especializado no combate às bactérias,  conhecido nacionalmente como Dr. Bactéria,  proferiu uma palestra e desmistificou a maioria dos maus hábitos das pessoas.
“Você lava carne?
Pois isso é muito errado, porque a água contribui para facilitar a entrada das bactérias”, informou à platéia.
Para ilustrar as verdades que estava transmitindo para o público, Dr. Bactéria mostrou dados preocupantes.
Em todo o mundo, 1,5 milhão de crianças menores de cinco anos adoecem de diarréia por ano, o que gera três milhões de mortes, das quais 70% são causadas por manipulação errada de alimentos.
“Isso demonstra total ignorância frente às bactérias novas”.
O bioquímico condena hábitos diários das donas-de-casa,  como arear panela (não se deve lustrá-la por dentro, para não soltar a substância química), armazenar o frasco de vinagre fora da geladeira, usar lixeirinha de pia, usar pregadores de roupa para fechar saquinhos de alimentos, guardar pedaços de legumes ou de frutas na porta da geladeira  e guardar cola na geladeira -
“Não se pode armazenar alimentos com produtos químicos”.
Para se ver livre das bactérias, os cuidados com a pia devem ser redobrados.
A esponja de lavar louças deve ser lavada e desinfetada diariamente e trocada semanalmente.
Dr. Bactéria não falou sobre os possíveis riscos de contaminação  do tradicional pano de coar café, tão comum no Nordeste, e do pano de prato.
Mas levando em consideração tudo o que ele disse, mantê-los limpos é a melhor saída.

Professor Roberto apresenta verdadeiros desafios para o senso comum.
Segundo ele, deve-se consumir leite pasteurizado sempre,  mas o líquido jamais deve ser fervido em casa.
O produto deve ser aquecido a 80 graus C no máximo (cerca de quatro minutos)  para que as propriedades nutricionais sejam mantidas.
Outra “esquisitice” apresentada é com relação à forma de armazenar os alimentos recém-preparados.
Sabe aquele gesto gentil da mamãe em guardar o pratinho do filho no forno?
Dr. Bactéria diz que isso é oferecer um prato de veneno.
“As pessoas passam mal porque comem comida contaminada, não estragada.
O risco é ainda maior porque o alimento não apresenta sinais de contaminação e as pessoas comem mesmo”.
Ele explicou que os alimentos perecíveis devem ser mantidos fora da geladeira por no máximo duas horas.
Se ainda estiverem quentes, devem ser levados destampados para refrigeração para que o ar frio circule.
“Depois, podem ser tampados normalmente”.
O produto quente não compromete o funcionamento do eletrodoméstico,
só faz aumentar o consumo de energia.
“Mas eu prefiro pagar mais caro a conta do que pagar com minha saúde”.
Enfim, são muitos cuidados que devemos tomar.
Alguns são quase impraticáveis, outro são mais fáceis.
Mel não pode ser oferecido a crianças!
Ponto para:
- quem conseguir não colocar meio tomate, meia cebola, na porta da geladeira.
-  quem não lava frutas e verduras quando chega da feira e sim duas horas depois de refrigeradas.
E mil pontos para quem não oferece mel para crianças com menos de um ano.
Mel?
Dr. Bactéria avisou às mães que todo cuidado é pouco com esse rico alimento.
Segundo ele, 8% da produção de mel é contaminada  por uma bactéria chamada clostridium botulino.
Os seres humanos desenvolvem anticorpos de defesa contra os microorganismos,  mas somente após um ano de idade.
“Muitas crianças morrem de causas não explicadas
e alguns desses óbitos podem ser atribuídos ao mel”.
Uma das críticas mais severas feitas pelo professor Roberto  foi com relação a experimentar e soprar a comida dos bebês  – que muita gente desavisada  faz –  e soprar velinhas de bolo de aniversário.
“O aniversariante sopra e depois a mamãe oferece um pratinho de bactérias para os convidados.
Aconselho a adoção daqueles bolos gelados, embrulhados em papel alumínio”.
As festas são ocasiões ideais para a proliferação de bactérias,  porque os alimentos ficam expostos por tempo acima do considerado ideal.
O bioquímico cita a maionese como uma das vilãs das intoxicações alimentares, principalmente as (maioneses) caseiras.
“O perigo é maior para os donos das festas,  que só têm tempo de comer os quitutes no dia seguinte.
E ainda acham que é gostoso”.

Salmonela
Salmonelose é uma infecção causada pela bactéria chamada salmonela,  que se desenvolve principalmente em alimentos crus.
O risco de contraí-la em maionese caseira, portanto, é latente.
A maioria das pessoas infectadas por salmonela desenvolve diarréia,  febre e cólica abdominal entre 12 e 72 horas depois da infecção.
Salmonelose geralmente dura entre quatro e sete dias,  sendo que a maioria das pessoas se recupera sem necessidade de tratamento.
Porém, em algumas pessoas, a diarréia pode ser tão forte  que o paciente precisa ser hospitalizado.
A infecção por salmonela pode se espalhar dos intestinos para a corrente sanguínea,  e daí para outras partes do corpo,  podendo ser fatal caso a pessoa não seja tratada rapidamente com antibióticos.
Idosos, crianças e aqueles com sistema imunológico enfraquecido  têm mais probabilidade de desenvolverem casos graves de salmonelose.

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